quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O Grito do Confinado

Meu céu tem um limite,
O azul púrpura agora brilha vermelho
Tive palavras para serem ditas
Mas tuas más ações criaram feridas

Eu estaria melhor se o Sono Eterno me acordasse
Porém ainda me queimo neste inferno verbal
Que há de tão mau em falar mal
Brilha negro meu plácido lamento, vulgar.

Não há espaço para o azul quando todos gostam do vermelho
Sem opção eu ando a esmo, um pouco mais para baixo
Vagando nas margens dum rio, solitário de frio
Ávido, sacio minha sede com palavras importantes

Eu estaria melhor se a Morte me consolasse
Mas minha trajetória precisa estar nas alturas
Espalho meus pedaços por aí, após esquartejado
E quero que contemplem tais bravuras

Meu sorriso se assemelha a uma máscara vasta e vazia
Gostaria de arrebentar este riso que me deixa preso
Sobrepujar com mil socos este caráter jocoso
Que me sufoca, nauseabundo, dentro do meu próprio gozo!

Eu estaria melhor se esta foice me ceifasse
E com soberbos modos finalizo a aventura
E deixarei recados para amigos, saudades
A todo resto reservo um cauteloso silêncio.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Algum desafio randomico, pagina 161

Ítalo propôs a minha seguir a corrente já iniciada:

1) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2) Abrir na página 161;
3) Procurar a 5ª frase completa;
4) Postar essa frase em seu blog;
5) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6) Repassar para outros 5 blogs.

Eis meu acaso:

"O povo de Bri se mostrava solidário, ...".

(O senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien . Martins Fontes, 2000).

A proposta segue para: Slash, Shadow Demon, Carlos Onox.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Júlia

Ela é muito feminina. Júlia. Perfeita. Sublime. Uma musa.
Desperta os sentimentos mais profundos e sinceros de todo homem que a avista, sem falar dos desejos lascivos.

Lábios perfeitos. Só de imaginar seu beijo em minha face imberbe, tenra e quase imatura, surgem em mim efeitos fascinantes. Creio que já gastei incontáveis horas no banheiro por causa dessa mulher. Ah, Júlia, que mulher.

Um adjetivo? Tesuda. Antes vulgar do que insincero. Tais curvilineidades provocam cócegas de prazer. No íntimo das mentes masculinas (e lésbicas, bem provável).

Lábios perfeitos. Júlia. Quero adoçar minha boca com a sua. Exalto-a, tão perfeita quanto a sua pessoa. E que língua, deveras graciosa! Pedaço de paraíso. Sua língua, cuidadosamente comedida!

Júlia II

Na poesia encontro a ti, Musa

Júlia, passional, destrói qualquer
Amor conjugal

Insinuante, que delícia humana.
Traz à tona escolhas aviltantes.

De baixa estatura, precisamente formosura
Delicada, incomparável deusa
Imoral, Dama do Mal
Faz de tudo para obter prazer

Lábios Perfeitos, Júlia
Mostre-nos suas pernas, nuas
Perfeitas para enterrar em jugulares.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

A diva vazia

desperto

amortecido nesta cavidade

e esta entranha

toda exposta

maldisposta

recusa-se a cicatrizar


......
......

apresento-lhes

a Rainha das Meretrizes, Bocetrizes

Cuja lembrança resgatada

dos recônditos esquecidos

das dobras do ocaso

mais oca que um santo barroco

......

traga me o fim

o vácuo abismal

a escuridão perfeita

as pétalas da noite

que desenham verdades

acabou, por ora.

......

aquele grito

delicioso

delineia a noite

como maquiagem de pobre

um minuto depois

e já foi embora

hão de convir, sadismo autêntico

sobrou uma vã existência

vestida de negro

com seu mais estupendo

vaticínio - gracejante

......

A diva vazia, supérflua

de alma lânguida, álgida

aflige o escritor, chula

com puto poder de sedução

......

É o fim

Diva, traga me o fim

um abismo para eu cair

espadas para a mim trespassar

volto ao meu pó

o mais puro nada

este vazio?




...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Palavras Acerbas

Da perfídia és filha
Enigmática e sombria
És vazia, pálida Maria
És um mito, recontado por mero escrito

Dona beneplácita, doravante ficarás sabendo
Nego toda razão a ti atribuída
Não há porque aprofundar-se
Na sua história rasa, malcontada

És mesmo uma velha fenecida
Derramo lágrimas de deleite
Pois creio que ao expô-la ao ridículo
Escarneço também toda sua estirpe

Depósitos de lixo abruptos e bestializados
Servem só pra ocupar espaço
Vez por outra, alguém vislumbra
Algo estranho por detrás da penumbra...

Ritual Funeral

Austeras palavras decoram esta arenga
Uma vez entoada à guisa de ode fúnebre
Celebrando as exéquias, a rotura destas penúrias
Veredas obscuras por onde andava enredado.

Carrego esta vestidura que me leva ao cadafalso
Simboliza parte mundana que reservar-se-á

ao oblívio.

Suave mortalha que, aceita de boa vontade
Separadas são, as duas metades.

Hostil cerimônia cingida em penitências
Abstenções pontuadas por reveses
Decisões profundas apoiadas em desprezo
Culminam na Extrema Unção.

Morro, conquanto prezo
Sem desdém
A metade desta agora destinada ao limbo.
Na que me resta, espero apenas
Certeza de fruição.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Memória

Gotas da história
Pingam nos seixos da memória
É rio caudaloso que entorta
E reconta estórias tão longas
De um passado distante
Onde Deus adormeceu

De fatos recheada
Saboreia o vinho nesta enseada

Onde foi mesmo que Deus morreu?

domingo, 2 de setembro de 2007

Exquisite Weirdings

Your gaze seemed absent of confusion
Should your ravenous role stretch the hole
Tempt my blood into deep collusion

Excavate these exquisite human beings
They used to be weird
Porque o esquisito é bonito
E não nego esquisitice alguma

Your pure soul has severed into hundred pieces
Moldered by crude limbs, cemented with hatred
Escaldado com raiva, despedaçados esôfagos
Órgão do falar, henceforth não salutar.

sábado, 1 de setembro de 2007

Homenagem ao ato consumado

Ao fazer nada no ato de fazer nada
Centenas de espécies diferentes de insetos
Zumbem em açodamento no canal auricular
Farei mais nada enquanto tudo me espera

Nego até a morte, que por acaso me alegra
Que me engana sob vieses infectos
Este pedaço de graça irá pagar o que me deve
Disfarçado de olhar vago ao contemplar o não-feito

Olhos recolhem-se até o céu da boca
E portanto poderei cuspir-lhe o que vi
Mirando através das órbitas vazias recobertas
Enxertos de pele com tatuagens orgíacas

Quando o último estalar de meu pescoço
Perfurou o último silêncio gozado pelos tímpanos
Como címbalos atroantes provocando loucuras
Sentimentos mórbidos perpassando nadas

Ardilosa fui ao enjaular-me nestes destroços
Digerindo vorazmente estas vozes, em letargia
Metaforizando frases de inestimável revelia
Quadrada através das barras estes olhos me fitam

Eu despenco desta pequena escuridão inserida
No conhecido mundo de possibilidades nulas
Perenemente amada doravante esquecida
Exibindo doze retalhos com requintes porfíricos

Isto é fantástico, ver o edema plástico
Da pessoa que julga tudo sem conhecer a nada
E quantas perguntas ao nada uma tolice crítica
Quando recebe respostas que contradizem sua lúcida

Eu me pergunto, como que estes olhares
Insistentes através desta gaiola
Me deixam excitada dez vezes eufórica
E na penumbra deixei-te escrever teu nome em meu cálice

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A personagem

Uma das minhas personagens mais audazes
Visita-me em sonho em delírio
Goza entre um sussurro tremulante
Rasga o véu que encobre contos
Surpresa derrama-se em mim, ébria
Movimentos céleres fazem-na miar
Permanece em vigília após meia-noite
Aonde o toque etéreo a desvanece

domingo, 19 de agosto de 2007

O Caos

Jocoso flutuei à beira do passado
Em momento negro e pertinaz, me vi parado
Admirando formas que nada revelarão
Desenhos retilíneos num atro padrão

Era um aquilo como nunca visto antes
Fogo sombrio que consumiu um garoto
E regurgitou após inebriantes instantes
Transitoriedades prazerosas antes do arroto

Detalhe inerte de concupiscência metafórica
Eu, um líquido amniótico fora da placenta
Alheio neste mundo de essência caótica
Cenários de privilégios que a mente sedimenta

Vago e atenuado em milésimo de segundo
O fulgor da lembrança do colorido periférico
Despertou neste eu infinitésimo meditabundo
Uma desagradável sensação de anestésico...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Gelo na Córnea

Gelo na córnea
Não acorde - não vai doer
Pelo na cóclea
Não acorde - não vai doer

Cedo vi Eu cego pregando
Pregos em sua sepultura
Passou o dia inteiro
Numa noite em claro

Dissequem meus miolos
Não acorde - não vai doer
Percevejos na narina
Não acorde - não vai doer

Deposito transtornos neste agosto
Decepções etílicas mágoas esféricas
A meio que contragosto e muito desgosto
Coloco na sopa para combinar com a lagosta

Beba veneno
Não acorde - não vai doer
Uma pílula de naftalina
Não acorde - não vai doer

Um vândalo prostrado em mesa de acupuntura
Queria sobremaneira resguardar a cultura
Sonhar com um incessante pula-pula
E um palhaço vestido de demônio

Gargarejo de bílis
Não acorde - não vai doer
Extrato de acetona
Não acorde - não vai doer

Engravatados na lápide estão os pregos
Do meu epitáfio que previamente discutido
O arremesso, a martelada e o rombo
O sangue e o perfil atípico do ferido

Sagrado Manto

Sim senhores, doravante
Ainda que muito a contragosto
Não cutucarei mais Sagrado Traseiro
Tampouco profanarei blasfêmias

O nome D'Ele não macularei
Enquanto meus dias durarem
Espanto-me, no entanto
Se ao tomar Sagrado Manto
A minha memória atrofiar-se-á

E se não mais puder cantar
Como apaixonadamente cantei
E se porventura esquecer de usar
A consciência que Deus me deu
Livremente, por Ele?

Mas cadê o livre-arbítrio, meu Deus
Eu te rogo e imploro
Não deixes cair meu coração
Pois se tu me livras do mal
Morrerei por ti, numa encenação.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

O Moinho (O Assombro)

As pesadas pás do moinho
Obedecem ao lufar do vento
Girando indóceis em torvelinho
Refreá-las tento

Um catavento

Acabrunhado moinho despótico
Sob um tépido riacho
Simpático mecanismo quixótico
Idealizado para mover

Seja ar ou movido por líquido
Com um propósito bífido
O moinho roda e age
Como um viver
Cíclico

Pois quando a respiração estanca
Ou se água falta
Ou ao quebrar uma alavanca
E moinho não poder girar
O círculo desanda
O sopro esvai

Mesmo movendo um ideal pérfido
Sustentado por figurões báquicos
Essa força que mobiliza
Impressiona

Um milhão de cabeças giram
Enquanto observam vidradas
E giram satisfatoriamente felizes
Embora acorrentadas nas pás
Temendo Satanás

Arre, ao menos eu descanso em paz...

domingo, 29 de julho de 2007

O Poeta do Carrasco

Quando te vi no desespero e na agonia
Este poeta estendeu a mão
Entre mais profundos sentimentos
Decapitou o taciturno em questão
E a cada dia tento esquecer
Algum medo não esquecido

Não permita que eu vá
Onde o desconhecido me aguardar
Não quero saber
Onde me esconder
Permaneço nesta ilusão salutar
Ainda que todos me ultrapassem

Frustrante é a impossibilidade de lutar
A letargia de um não saber, de um calar
Espero inquieto em um tempo que não pára
Aterrorizado a cada momento

Não quero ir, covarde do jeito que sou
Vejo uma velha velando um relógio de bolso
Uma menina brincando sobre os destroços de um corpo

Perante o relance de uma vida despedaçada
Agarro uma mão que me lograva
Abraço meu algoz que brincava com versos
Com júbilo e cabeça arrancada

---

O título é passível de mudança, talvez eu mude, talvez não...

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Prato Vísceras

Por ora saciarei fome com estas vísceras
Algumas sobras mortais do dia de ontem
Da minha fonte agora jorra sangue
Hemácias simpáticas dançam entre os litros
Preenchendo meu corpo cavernoso
Se ocorre pensar em trompa de falópio

Meu cérebro se desmancha e vislumbra
Preâmbulos roliços de baço e fígado
Pedaços apetitosos de pâncreas salgado
E cem gramas do melhor apêndice dourado

Coração no espetinho com globos oculares
Parecem enxergar a profundidade da textura
Saborosa e anatômica do estômago lacerado
Desdobrado, cozido e requentado

Do delgado intestino fizeram o chouriço
E do grosso um refinado aroma
É um almíscar que penetra reto
Um bálsamo em invaginações ansiosas

Na última ceia a mais fina iguaria
Charutinho de pulmão refogado
Sobremesa feminina - útero com fel
Cardápio de luxo, cartilagens acompanham.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Para-Frases

Vejo frases, desleixadas
Imersas em ambigüidades
Deformadas em clichês
Imaginando superioridade Maiúscula

Quero passá-las ao fio da estética
Com poética, hermenêutica
Vislumbrá-las em sua totalidade
Despidas de valores humanos
Frívolos vulgares-comuns

Qual mãe que come sua placenta
Digerindo invólucros com sabor de aspargos
Palavras alcoólicas com teor noventa
Segregam o escol da ralé pestilenta

Porque vazias, às centenas
É que não devem ficar

---

Ouvindo Viscera Eyes, do the Mars Volta

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Falha na Lógica

Mães sofrendo de câncer na próstata
Filhas horríveis vendendo cebolas na feira
Velhas decrépitas fazendo cocô e jogando bingo

Ah
Posso eu ser a razão
De uma inversão humana
Porque eu posso
Eu mudo
Assim.

Queiram atirar alguns versos em mim
Assim como pedras vararam prostitutas
E tomates junto aos apupos
Para artistas desvairados

Posso eu ser a razão
Da infância maculada
Adolescência libertina
Peladas engaioladas
Grávidas esfoladas
Vida indecente
Velhice inútil

Não somente palavras moças estiradas em mesas
E estrofes adultas inteiras sob jugo celeste
Incendiaram junto com velhas tradições
As medidas desmedidas asiladas

Violar sepulturas como requinte
Tão saudável como piquenique
Feminilidade retratada num boquete

Posso eu ser a razão
Da razão humana
Encerrada nesta
Sobremaneira
Impávida

Dançando valsa com marionetes
Nos crepúsculos artificialmente delineados
A vida humana mantém um segredo
Fechado numa caixa guardada pela Branca-de-Neve

Posso eu ser a razão
Das mentiras selecionadas
Contagiosas, ervas daninhas
Trepadeiras maliciosas
Inescrupulosas

Deliciadas as ninfetas enxugam seus lencinhos
Roupinhas de griffe compradas em uma loja podre
Precisam adquirir mais artigos de luxo
Nos sex-shops científicos

Rezem para aquele que se esconde através dos fractais
Ele que passa a eternidade ouvindo música alta
Flertando com o caos em meio à fumaça
De uma rave profana

Sexo nas alturas
A humanidade se engana
Sexo nas alturas
A humanidade se engana

---

Ouvindo Day of the Baphomets - The Mars Volta

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Você no Outro Mundo com Os Aqueles

Você é uma combinação de indivíduos
Misturado a talentos visionários
Moldado pela pragmática misteriosa
Um ponto de equilíbrio
Austero, inefável.

Separação em um percalço - um passo em falso
Em tom conclusivo
Nada desvia do seu objetivo
É ferrenho como o ferro
Dotado de grande capacidade
Pavoroso.

Não hesita - abusa
De força, por meios
Obscuros, desafiadores.

Você esta só, sei que está
E ouve murmúrios
Contextos e vozes intermitentes
Completam uma lacuna grotesca
Algo apenumbrado, indefinido
Por trás da palavra
Você não me escapa.

Você, está.

Sinta seu ser
Em verbo e em
Nome de Deus
Sua última vítima
Que eclipsou, outrora
Uma profusão de seres

Aqui, nesta clausura
Estou pronto para mostrar-lhe
Um outro mundo
Resplandescente.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Um dia feliz.

Hoje é um dia feliz. Isto está escrito no screen saver do computador da sala da enfermeira chefe do posto de saúde no qual trabalho. É uma mensagem, à primeira vista muito simplória, mas que nos faz refletir sobre as perspectivas/retrospectivas que podem tornar/tornaram seu dia feliz.
Pois bem, Hoje é um dia feliz, visto que finalmente tomei coragem para organizar minhas despesas... E descobri que não eram tão grandes como eu havia pensado anteriormente.
Sem contar que estou mais feliz ainda pelo fato de estar envolvido em um projeto vindouro, que deverá consumir tempo precioso nos finais de semana... Mas o resultado dará muitos frutos. Depois, poderei conhecer a Tchecoslováquia (Ok, sei que é República Tcheca, mas mesmo assim, adoro escrever e falar "Tchecoslováquia", e de qualquer forma, visitarei Praga e Bratislava na mesma viagem...). Lugar excepcionalmente bonito, Praga desperta inveja em todos os turistas. Quero cerveja. Plzen que o diga.

Um dia feliz pois meu cérebro entra em êxtase com a perspectiva de uma viagem para São Paulo, agora em Julho, para visitar certo Museu de Língua e Literatura...

Doravante preocupar-me-ei mais com os meus trabalhos de faculdade. Tenho três em andamento, e mais um ainda que surgiu meio que a contragosto. Entretanto, ainda é um dia feliz, pois creio que conseguirei terminá-los a tempo. (sei lá né)



Sem mais demora, um poema.

Esquece, próxima semana eu coloco um...

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O Poeta do Labirinto

Um vaso se quebra, ao relento
Quando as intempéries exibem
O sabor do vento

A flor que murcha, era tão alva
Se pudesse se expressar
Em estertores agonizava

O baque tão atroz
Não cessa após
A vitória amarga
Carrega pesada carga

Um justiceiro fleumático
Com ponte de safena
Reivindica anéis
Com seu olfato
Descobre um infarto

O rim se alarga -
Meu abdômen incha
Explode com voracidade.
Engole uma alma, e salpica
Seus fragmentos sobre
Uma pizza de solidão

A ruptura que corrói
Minha alma sensata
Com a certeza estática
De acabar em um vácuo

Sozinho. Sequinho.

Seco como uma batata palha
Pronta para ser devorada
Sozinho como uma harpia
Que devora.

Aqui encontro-me perdido
Em um labirinto ilusionista
De paredes mistificadas
Que contém muitos óbices
Enevoados, sombrios.


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Aquele encarcerado em seus atos.

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Ouvindo MIDIs de Zelda, Tarm Ruins' Theme

domingo, 17 de junho de 2007

O Poeta das Orgias

O poeta encarcerado
Verseja nas paredes
Da sua solitária

"Estás só, com sede e fome,
Porém de teus prazeres carnais foste privado.
Plácido neste pálido labirinto dormes,
Pois poetar foste teu pecado."

Em seu confinamento
Ludibriava-se mentalmente
Aguardando uma resposta
De um amanhã que ainda não veio

"Fui infiel, dizem eles, aqueles
Aqueles detentores de luxo e de ócio
o Aquele temido por todos
o Aquele tarado e pífio!"

Fruto de um engodo
De um momento de desespero
Ele que requentara várias orgias
Fora despojado de seu tempero.


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Agora com uma nova poesia, O poeta das Orgias.

O poeta privado de si mesmo.


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Ouvindo MIDIS de Zelda - Tarm Ruins, Oracle of Seasons.
Bom.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Música a ser recomendada....

Roulette Dares (The Haunt of) , do The Mars Volta.

O The Mars Volta me inspira bastante, é uma banda fenomenal.


A propósito aí vai outro poema meu

este é mais aleatório

Visita Onírica


Vê! Vã é a estranha sina
daquele que se apodera de um
veículo de aparência mística
com estofados de belo debrum

Vá! Vê até onde seu dia termina
pôde uma menina avistar algum
veículo de aparência mística
com estofados de belo debrum

Vó! Vi um belo senhor de batina
de belo tom carmesim, num
veículo de aparência mística
com estofados de belo debrum

Vi! Voando através da rósea fina
névoa que acoberta o céu - e zum!
veículo de aparência mística
com estofados de belo debrum.

terça-feira, 29 de maio de 2007

A desconjulgada

Falaz como a justiça, correndo escapa
Ao encontro dos braços de impudico aristocrata
Confusão assexuada e nebulosa sai no tapa
Encalacrada numa sapata

Dolosa e dolorida, a indecorosa pálida
Esparramada e arfante, resfolegante
Cena meio tétrica - cólica
Arquejava rastejando-se - lívida

Num assomo de impassividade crua
A beldade cega e estúpida
Vira as costas pétreas para a rua
Libras balançando alheias - a cúpida

Soro pancreático, dose de insulina
O sopro diabético, caso de anemia
Rechearam com inconstâncias a pária feminina
Sôfrega - azia, colesterol, pressão varia

Aquela sina, aquela menina
fora da sintonia fina

terça-feira, 22 de maio de 2007

Ao Cair da Lua

Disseram-me certa vez
Que a Lua é o sorriso de Deus
Sorri inocentemente
E quando abre sua boca em bocejos
Cala-se por uma semana

Querendo crer tal epifania tola
Vendo a Lua como bojo divino-diabólico
Escrevendo sua próxima epístola
Aos sonhadores que colimam morder um pedaço
Desse queijo assanhado e roliço

Essa face ferina impávida
Essa boca imaginária e cálida
O meu desejo por ti
Sinistra Lua
Mais que banhar-me sob teu reflexo

É teu sexo

Atriz que atua por noites inteiras
Mística, impenetrável
Severa, (fr)ágil.
Deidade feminina transfigura o meu próprio
Prepúcio

Estou lúcido

Formosuras

Para iniciar esse blog fresquinho, esta poema meu aqui recém saído do forno.


Formosuras

Emoção floresceu entre as dunas ao amanhecer do dia que veio formosa guerra travada

Drásticos manguezais arrasados com soldados do fronte antes que cortina do alvorecer desponte

Altaneiras observam as palmeiras arremessando galhos secos pra saudar água salgada

Coalhada de pequenos pontos lúgubres contos condenados já no horizonte

Avançam e atiram-se trôpegos a um forte contraforte estático beirando falésias

De onde nascem graciosos artefatos que os fazem saltar de emoção

Que floresceu entre as dunas ao amanhecer daquele dia...