terça-feira, 15 de abril de 2008

A fada do Pote de Mel

Parte III – A Fada do Pote de Mel.

Nos devaneios mais sombrios

Espantando os mosquitos

Para longe do meu coração debilitado

Encontrei-te, paciente Mãe

Estava atormentado, ansioso, aflito

Deste-me de beber, pois estava com muita sede.

E prostrei-me, como nunca antes.

Mãe serena e protetora

Agradável manhã de orvalho

Sou teu bebê que ainda balbucia no berço

Rendendo-me à tua glória

À tua luz tão forte que me aquece!

Fada do pote de mel.

Faço parte de ti,

Faz parte de mim.

A fada do Pote de Mel

Parte II – Aos Pais – Dor e Expiação

Há vinte anos disserdes-me:

Obedeça.

Desobedeci.

Arrependi-me.

Prometo que vos amarei

Na distância, ternura e amargura,

Sempre.

Prometo que vos honrarei

No Céu e na Terra

Sempre, sempre...

Prometo que vos obedecerei

Em júbilo e contrariedade

Nunca é tarde.

Vosso eterno devedor suplica

A minha angústia leva embora

Em horas de apatia

Não quero cair em desordem

Nem em rebeldia

Minha fonte de luz

Esperança de meu acreditar

Sois minha Mãe do Céu,

Não ireis falhar.

Vosso eterno devedor implora

Desculpais a minha inglória

Fui por vezes muito ingrato

Mas sempre vos amei

E se necessário for

Morrerei por vós

Pais da Terra,

Obrigado.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

A fada do Pote de Mel

Parte I – Exaltação e Depressão

Oh sim!

Acordo leve após vinte anos

Seguro e confortável, após recordar-me.

Uma gostosa conversa de vinte anos

Atrás.

As cantigas de ninar me acalentavam

Vinte anos atrás eu mergulhava

Na densa vastidão da humanidade

Em curiosos mistérios inefáveis,

Infantis... bolas de gude...

Hoje,

Não tenho muitas lágrimas para verter

Se eu as tivesse, inundaria Jaraguá inteira,

Soluçando:

-Aqui jaz um espectro de poeta,

Um pesado perdedor sem vínculos.

As dúvidas existenciais me deixam louco;

São como uma nuvem de mosquitos – tem de espantá-los

No meio deles existe uma fada que carrega um pote

Sincera, paciente, doce como o mel que traz.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

trecho 7

Abelha-Rainha

o que perscruta a mente insana
que redime a mente sã?

era uma pérfida abelha-rainha
perdida nas austeras horas
daquela longa e devassa noite
voava pelos becos escuros
a bisbilhotar prostíbulos
ferretreando proxenetas
enlouquecendo as mulheres
que exercitavam as (...?)

desenhava ganchos em linha
na parede das passagens
perscrutando à luz de velas
um labirinto de esfarrapados
perfura gargantas incômodas
despedaçando insolências

e de vão em vão
estalava o ferrão
mas por inexata
razão
com a violência de um peteleco
despedaçada foi-se então.

sinto falta do zunzum
das asinhas agitadas
enxeridas e afiadas
acho que tornei-me
mais um daqueles.

o que perscruta a mente má
que redime a mente vã?

sábado, 5 de abril de 2008

trecho6. Sorria.

Antes de mais nada
Esboce sorriso.

Sorria com afeto
diante da atribuição
considerada mundana
uma atividade cotidiana.

É aquela criança
de olhar severo
carregando meio fardo
de desespero

Sorria como um abutre
Ao lançar-se sobre carne podre
devorando projetos
de semanas inteiras.