sexta-feira, 4 de julho de 2008

Sucélia

Estava difícil encontrar um nome que me satisfizesse. Por fim, acabei decidindo-me por Sucélia, uma linda variante das aglutinações de Sumara e Deorcélia. Costumeiramente, as pessoas haviam sugerido muitos outros nomes, como Cleidinha, Valquíria, Dorotéia. Mas, como uma boa porção dos brasileiros, eu sucumbi à forte atração que Sucélia exercia.
Sucélia inha um namorado. Um cara não muito gordo, nem muito alto. Este rapaz chamava-se Eudete, e era muito afeiçoado à mulher. Ou pensava que era. Eudete era dono de um ciúme colossal em relação à Sucélia. Muito provavelmente pelo temor que sentia se Sussú descobrisse seus regulares encontros amorosos com Amália.
Meus conceitos sobre Amália caíram drasticamente desde que a vi agarrada com o Sr. Eudete, na última segunda feira, entre beijos e mordiscos. Era certo que Amália era uma médica (ou seria enfermeira?) de sucesso. As pessoas novamente perguntavam-me se não seria melhor uma Amália Terapeuta Ocupacional introvertida ou inveterada na bebida. Eu considerei seriamente estas opções, embora ainda não tenha me decidido a respeito de Amália. Gostaria que Amália fosse uma enfermeira. Ela seria um pouco rechonchuda, dotada de um sorriso cativante. Suas curvas seriam salientes - muito atrativa. Concebendo Amália como médica, eu viria a contar-lhes casos de amor de uma mulher magra e alta, com cabelos até os ombros. Sisuda e amargurada, pintava os cabelos toda semana para esconder a velhice iminente.
Amália, a médica (ou enfermeira), fagocitava com prazer seu amante, o namorado de Sucélia. A idéia de ser uma amante excitava muito a enfermeira (ou seria a médica?). Amália gostaria muito de conhecer Sucélia. Eudete não achava a idéia interessante. Seria melhor viajarem em um cruzeiro marítimo rumo às Malvinas. Mas Eudete, mesmo no ato rotineiro da traição, surpreendia a si mesmo pensando com carinho na amável Sucélia, que possivelmente estaria cantarolando um hit de sucesso. Assistia a novela das oito e preparava pães de queijo para vender na cantina da escola (ou traduzia um complicado texto em Grego para o Inglês ao som de Enya?).

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