terça-feira, 29 de maio de 2007

A desconjulgada

Falaz como a justiça, correndo escapa
Ao encontro dos braços de impudico aristocrata
Confusão assexuada e nebulosa sai no tapa
Encalacrada numa sapata

Dolosa e dolorida, a indecorosa pálida
Esparramada e arfante, resfolegante
Cena meio tétrica - cólica
Arquejava rastejando-se - lívida

Num assomo de impassividade crua
A beldade cega e estúpida
Vira as costas pétreas para a rua
Libras balançando alheias - a cúpida

Soro pancreático, dose de insulina
O sopro diabético, caso de anemia
Rechearam com inconstâncias a pária feminina
Sôfrega - azia, colesterol, pressão varia

Aquela sina, aquela menina
fora da sintonia fina

terça-feira, 22 de maio de 2007

Ao Cair da Lua

Disseram-me certa vez
Que a Lua é o sorriso de Deus
Sorri inocentemente
E quando abre sua boca em bocejos
Cala-se por uma semana

Querendo crer tal epifania tola
Vendo a Lua como bojo divino-diabólico
Escrevendo sua próxima epístola
Aos sonhadores que colimam morder um pedaço
Desse queijo assanhado e roliço

Essa face ferina impávida
Essa boca imaginária e cálida
O meu desejo por ti
Sinistra Lua
Mais que banhar-me sob teu reflexo

É teu sexo

Atriz que atua por noites inteiras
Mística, impenetrável
Severa, (fr)ágil.
Deidade feminina transfigura o meu próprio
Prepúcio

Estou lúcido

Formosuras

Para iniciar esse blog fresquinho, esta poema meu aqui recém saído do forno.


Formosuras

Emoção floresceu entre as dunas ao amanhecer do dia que veio formosa guerra travada

Drásticos manguezais arrasados com soldados do fronte antes que cortina do alvorecer desponte

Altaneiras observam as palmeiras arremessando galhos secos pra saudar água salgada

Coalhada de pequenos pontos lúgubres contos condenados já no horizonte

Avançam e atiram-se trôpegos a um forte contraforte estático beirando falésias

De onde nascem graciosos artefatos que os fazem saltar de emoção

Que floresceu entre as dunas ao amanhecer daquele dia...